segunda-feira, 15 de junho de 2009

DICA DE LIVRO: Comportamento Organizacional: O impacto das emoções


Eduardo Soto

Este livro busca apreender o elemento emocional das rápidas transformações nas organizações, além de oferecer idéias enriquecedoras sobre os seres humanos que nelas trabalham. Comportamento Organizacional Impacto das Emoções sintetiza, de modo brilhante, os estudos clássicos e recentes sobre o tema, abrindo ao mesmo tempo novas trilhas no conhecimento do comportamento humano, ao aprofundar-se no estudo da inteligência emocional que motiva o comportamento do ser humano nas organizações. Esta obra constitui uma ferramenta primordial para auxiliar estudantes e profissionais a compreender melhor as práticas organizacionais contemporâneas dentro do contexto da teoria organizacional e das investigações empíricas.

CASO EMPRESARIAL: O Equilíbrio Emocional Do Líder

O equilíbrio psico-emocional está diretamente ligado ao sucesso profissional, especialmente dos profissionais que ocupam cargos de liderança. Isso ficou bem mais evidente após a introdução do termo Inteligência Emocional.

O equilíbrio psico-emocional está diretamente ligado ao sucesso profissional, especialmente dos profissionais que ocupam cargos de liderança. Isso ficou bem mais evidente após a introdução do termo “Inteligência Emocional”, que seria uma síntese da Inteligência Interpessoal (habilidade de entender outras pessoas, o que as motiva, como trabalham e como atuar cooperativamente com elas) e da Inteligência Intrapsíquica (entendimento do próprio eu com elevado grau de autopercepção e autoconhecimento). Nesse artigo, quero abordar o fato é que o controle das emoções não é fator essencial apenas para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo: é também essencial para alcançar a excelência em termos de comportamento gerencial.

Um líder emocionalmente equilibrado não reprime suas emoções. Ele aprende a administrá-las de modo a liberá-las na hora certa, com a pessoa certa e da forma mais adequada possível. Consegue se acalmar quando está nervoso, se automotiva e têm uma razoável percepção de si e dos outros. Pode-se dizer que se trata de um profissional protegido pelo otimismo e pela esperança, com positivas expectativas de que as coisas darão certo, apesar dos reveses e das dificuldades. São atitudes como essas que o impede de se tornar apático, desesperançoso ou deprimido, sendo facilmente reconhecido no perfil dos melhores profissionais da sociedade contemporânea.

Alguns gerentes são muito inteligentes e bem equilibrados emocionalmente. Outros não conseguem manter esse equilíbrio, valendo-se de suas capacidades intelectuais na gestão de suas equipes, via de regra acarretando constantes entraves nos relacionamentos entre os membros dessas equipes, com desgastes no clima organizacional e perdas na produtividade. O grande desafio, portanto, é entender como se complementam o equilíbrio emocional e a capacidade intelectual dos gerentes. A inteligência não é garantia de bom desempenho se a pessoa não for preparado para manter o seu equilíbrio psico-emocional. A competência global denota um redirecionamento da agressividade para a ação produtiva, aproveitando oportunidades e desafios, e dando, também, aos que o cercam, oportunidades de crescer e desenvolver as próprias habilidades. O raciocínio pode fazer com que gerentes sejam admitidos, mas é o seu equilíbrio emocional o responsável por suas promoções e encarreiramento.

Pesquisas indicam que os gerentes com alto quociente de inteligência, mas com baixo ou modesto equilíbrio emocional, tendem a ser altamente efetivos em domínios racionais, mas correm o risco de tratar suas equipes de modo inadequado, sendo insensíveis, arrogantes e inaptos em seus relacionamentos. Os gerentes superequilibrados e de capacidade intelectual mediana, tendem a ser leais e confiáveis, com integridade e empatia, persistentes, conscientes e queridos pelas seus subordinados (o melhor, entretanto, seria ter altos níveis desses atributos). As pesquisas indicam, também, que o homem de alto nível de inteligência é ambicioso e produtivo, previsível, inibido e com grandes possibilidades de ser emocionalmente frio. Em contraste, os homens que mantém o controle emocional são socialmente equilibrados, comunicativos e animados, não alimentam receios ou preocupações; eles têm uma notável capacidade de assumir responsabilidades e terem uma visão ética, revelando-se solidários e atenciosos em seus relacionamentos. Por sua vez, as mulheres muito inteligentes são fluentes na expressão de suas idéias, valorizam o intelecto e o senso estético, mas tendem a ser introspectivas, inclinadas à ansiedade e à culpa, raramente tendo explosões de raiva: são comedidas nesse aspecto. As mulheres bem equilibradas emocionalmente, ao contrário, sentem-se positivas em relação a si mesmas; como os homens, são comunicativas e gregárias e adaptam-se bem à tensão; sentem-se suficientemente à vontade consigo mesmas para serem espontâneas e raramente sentem ansiedade ou culpa.

Com isso, quero dizer que o equilíbrio emocional não é algo fácil de ser obtido nem é uma questão genética: é algo que se aprende e que pode ser melhorado por meio de treino, esforço e persistência. Para tanto, o líder têm de identificar exatamente o que quer alcançar, e tornar-se diligente a ponto de identificar as situações nas quais costuma cair em velhos hábitos e associá-las a uma reação produtiva. Ao realizar esse tipo de exercício analítico firmemente por algumas semanas ou meses, a pessoa poderá substituir os hábitos que deseja eliminar por outros que acabam se tornando automáticos. Um bom processo terapêutico pode acelerar o autodesenvolvimento, assim como relações afetivas estáveis e gratificantes, programas de desenvolvimento gerencial, viagens, exposições internacionais, multiplicidade de interesses, teatro, cinema, lazer, etc. Ou seja, uma vida rica, estimulante e diversificada faz com que as pessoas se mantenham intelectual e emocionalmente ativas, felizes e saudáveis.

Se você pretende desenvolver um esforço pessoal para tornar-se um líder emocionalmente equilibrado, procure desenvolver as seguintes competências:

Autoconsciência: observar-se e reconhecer os próprios sentimentos; formar um vocabulário para os sentimentos; saber a relação entre pensamentos, sentimentos e reações.
Tomada de decisão pessoal: examinar suas ações e conhecer as conseqüências delas; saber se uma decisão está sendo governada por pensamento ou sentimento.
Lidar com sentimentos: monitorar a "conversa consigo mesmo" para surpreender mensagens negativas como repreensões internas; compreender o que está por trás de um sentimento; encontrar meios de lidar com medos e ansiedades, ira e tristeza.
Lidar com tensão: aprender o valor de exercícios e métodos de relaxamento.
Empatia: compreender os sentimentos e preocupações dos outros e adotar a perspectiva deles; reconhecer as diferenças no modo como as pessoas se sentem em relação a fatos e comportamentos.
Comunicações: falar efetivamente de sentimentos; tornar-se um bom ouvinte e perguntador; distinguir entre o que alguém faz ou diz e suas próprias reações ou julgamento a respeito; enviar mensagens do "Eu" em vez de culpar.
Auto-revelação: valorizar a franqueza e construir confiança num relacionamento; saber quando é seguro arriscar-se a falar de seus sentimentos.
Intuição: identificar padrões em sua vida e reações emocionais; reconhecer padrões semelhantes nos outros.
Auto-aceitação: sentir orgulho e ver-se numa luz positiva; reconhecer suas forças e fraquezas; ser capaz de rir de si mesmo.
Responsabilidade pessoal: assumir responsabilidade; reconhecer as conseqüências de suas decisões e ações; aceitar seus sentimentos e estados de espírito; ir até o fim nos compromissos.
Assertividade: declarar suas preocupações e sentimentos sem ira nem passividade.
Dinâmica de grupo: cooperação; saber quando e como conduzir e ser conduzido.
Solução de conflitos: saber lutar limpo com outras pessoas; adotar o modelo vencer/vencer para negociar acordos.

* Paulo César T. Ribeiro é psicólogo, consultor de empresas, “coach" e "headhunter", conceituado entre os melhores apresentadores por sua reconhecida experiência em treinamentos voltados ao comportamento gerencial e ao desenvolvimento de líderes, equipes e outros diversos temas. Diretor da CONSENSOrh.

A razão das emoções: um ensaio sobre "O erro de Descartes"

Ultimamente, vários estudos têm abordado o "velho" tema das emoções e a sua importância no controle do comportamento, incluindo as chamadas funções mentais superiores como a percepção, aprendizagem, memória e inteligência. Para aqueles, como nós, que trabalham com emoção e cognição é gratificante constatar que o debate sobre o tema atravessou a barreira dos laboratórios e da academia e passou a fazer parte do cotidiano de um público mais geral.

"O Erro de Descartes" de António Damásio é um livro elegante, de uma leitura arrebatedora, que ilustra o fato de que as emoções são indispensáveis para a nossa vida racional. São as emoções que nos fazem únicos, é o nosso comportamento emocional que nos diferencia uns dos outros. A natureza e a extensão do nosso repertório de respostas emocionais não depende exclusivamente do nosso cérebro, mas da sua interação com o corpo, e das nossas próprias percepções do corpo. Como diz Damásio, o corpo representado no cérebro constitui-se num quadro de referência indispensável para os processos neurais que nós experienciamos como sendo a mente.

Neste ponto, o autor aponta alguns "erros" de Descartes - a separação entre a mente e o corpo. O que se passa no cérebro são operações mentais; isto influencia o corpo e vice-versa. Entende-se, portanto, o título do livro. A mente é fruto do cérebro contrapondo o dualismo cartesiano no qual a alma (razão pura) é independente do corpo e das emoções, e não ocupa lugar no espaço. Além disso, o método de estudo mecanicista proposto por Descartes é questionado. Damásio defende uma fusão do estudo neurobiológico com a investigação psicológica numa abordagem integrativa das emoções e da razão. Pesquisas subdividindo o fenômeno nas menores partes possíveis a fim de se compreender cada uma em separado, como propôs Descartes no seu livro "Discurso do Método", não nos levariam a um entendimento completo e amplo da tomada de decisões ou de qualquer outro fenômeno.

O dualismo cartesiano tem influenciado o pensamento filosófico e a pesquisa científica, em particular a inteligência artificial. Segundo Damásio, a concepção de que a mente (entendida como processos cerebrais) é algo separado e/ou independente do corpo tem levado alguns pesquisadores a suporem que serão capazes de compreender o que somos biologicamente através da simulação de processos biológicos com computadores que só possuem uma "mente". Nesta abordagem não há espaço à idéia de um corpo modificável em certas circunstâncias que chamamos emoções e à apreciação do estado deste corpo e da mente durante as emoções. Apreciação esta a que Damásio se refere como os sentimentos.

Através da análise sistemática de casos clínicos e da experimentação neuropsicológica com animais de laboratório, António e sua esposa Hanna nos mostram como as emoções são indispensáveis na gênese e na expressão do comportamento. De acordo com Damásio, a interrelação entre as emoções e a razão remontam à historia evolutiva dos seres vivos. Durante a evolução natural o estabelecimento de respostas comportamentais adaptativas são moldadas por processos emocionais e a escolha de respostas em determinadas situações reflete o uso da razão. Ou seja, o estabelecimento de repertórios adaptativos seriam moldados pelas emoções e a seleção de comportamentos no futuro determinados pela razão.

A primeira parte do livro apresenta casos intrigantes de pessoas com lesões cerebrais. Um deles é o de de Phineas Gage que em 1848, teve a parte frontal do seu cérebro traspassada por uma barra de ferro e espantosamente não veio a falecer. Entretanto, depois deste acidente Gage passou a se comportar de uma maneira estranha. Ele que era uma pessoa responsável e trabalhadora, tornou-se imprevisível e com uma grande dificuldade em tomar decisões. Apesar disso, o seu raciocínio lógico, a sua memória consciente e habilidades lingüísticas encontravam-se normais. Outros casos posteriores que também apresentavam lesões do córtex frontal demonstravam uma incapacidade em tomar decisões. Uma análise neuropsicológica desses pacientes indicou uma baixa reatividade emocional. A partir desta observação o autor sugere o déficit no comportamento emocional como causa da dificuldade em tomar decisões racionais. Segundo ele, a razão, por si só, não sabe quando começar ou parar de avaliar custos e benefícios para uma tomada de decisão. É o quadro referencial das nossas emoções que seleciona as opções.

Neste ponto são feitos questionamentos sobre a influência das emoções na tomada de decisões, algo que nos parece tão racional. Será que no momento de decidir é a emoção que determina a resposta? Pode haver um comportamento puramente racional sem a influência da emoção?

Com essas questões levantadas, Damásio passa a apresentar uma série de argumentos anátomo-fisiológicos sobre a formação e processamento de imagens no cérebro e defende que o nosso raciocínio é feito de seqüências ordenadas de imagens. Esses dados apontam para uma íntima relação entre as estruturas cerebrais envolvidas na gênese e na expressão das emoções (o sistema límbico) e áreas do córtex cerebral ligadas à tomada de decisões (ex. córtex frontal).

A partir deste ponto Damásio introduz a hipótese do marcador somático, um dos objetivos centrais do livro. Esta hipótese é uma elaboração neuropsicológica da teoria da emoção de William James (1884). Segundo Damásio, existem emoções primárias e secundárias e sentimentos associados às emoções. As emoções primárias envolveriam disposições inatas para responder a certas classes de estímulo, controladas pelo sistema límbico. As emoções secundárias seriam aprendidas e envolveriam categorizações de representações de estímulos, associadas a respostas passadas, avaliadas como boas ou ruins. As estruturas do córtex cerebral seriam o substrato neural das emoções secundárias, mas a expressão dessas emoções também envolveria as estruturas do sistema límbico. Apesar desta interrelação, essas duas formas de emoção são distintas. Isto é evidenciado, por exemplo, pelo fato de um sorriso espontâneo ser diferente daquele intencional.

Os sentimentos seriam a experiência de tais mudanças associadas às imagens mentais da situação. Desta forma, a emoção esta intimamente associada à memória; ou seja, ao contexto em que é adquirida na experiência individual.

Existem evidências mostrando uma sobreposição dos substratos neurais subjacentes à memória e emoção2. Esta hipótese tem sido sustentada por experimentos conduzidos por Damásio e colaboradores demonstrando que pacientes com lesões do córtex frontal apresentam correlatos neurovegetativos quando experenciam uma emoção primária. Entretanto, eles não conseguem responder a imagens aterrorizantes, mesmo quando "sabem" que essas imagens deveriam pertubá-los. Mais intrigante ainda foi o resultado de experimentos em que esses pacientes demonstraram ser incapazes de se comportar racionalmente numa situação de jogo de apostas, terminando com perdas enormes de dinheiro. Ou seja, uma falha no julgamento de ações adequadas com relação ao futuro.

Por conseguinte, pessoas com déficits na integração das funções subjacentes ao córtex frontal e ao sistema límbico são incapazes de emoções secundárias, ou de aprendizagem emocional. Uma das contribuições importantes de Damásio e colaboradores tem sido revelar alguns dos substratos neurais envolvidos na aprendizagem emocional.

Pode-se afirmar que para uma vida normal não é suficiente reagir aos desafios do meio ambiente com emoções primárias. Da mesma forma, é contraprodutivo separar a razão da emoção. As emoções são uma parte indispensável da nossa vida racional. Assim, ao contrário do que propõe Descartes e mesmo Kant, que o raciocínio deve ser feito de uma forma pura dissociada das emoções, na verdade são as emoções que permitem o equilíbrio das nossas decisões. Como o próprio Damásio sugere, o único e verdadeiro Kantiano é um paciente com lesão no córtex pré-frontal.

Em conclusão, o livro de Damásio é emocionante! Uma referência indispensável para psicólogos, neurologistas e todos interessados no estudo do comportamento humano.

Autores: Carlos Tomaz
Lilian G. Giugliano

Universidade de Brasília

Referências

James, W. (1884). What is an emotion? Mind, 9, 188-204.

Tomaz, C., & Graeff, F. G. (Orgs.) (1993). Emotion and memory. Behavioural Brain Research (vol. 58). Amsterdam: Elsevier.

Sobre o autor

Carlos Tomaz é professor do Instituto de Biologia, Departamento de Ciências Fisiológicas e Centro de Primatologia da Universidade de Brasília, Laboratório de Neurobiologia. Endereço para correspondência: Laboratório de Neurobiologia, UNB, C. Postal 04631, 70910-900, Brasília, DF. E-mail: ctomaz@unb.br.
Lilian G. Giugliano é estudante do Curso de Biologia da Universidade de Brasília e bolsista do programa PET-Biologia/CAPES/UnB.

domingo, 14 de junho de 2009

ARTIGO: Expressão Emocional no Exercício da Atividade Empreendedora por Mulher

Por Hilka Vier Machado

RESUMO
As emoções são elementos centrais na conformação das identidades de empreendedores, as quais, por sua vez, orientam a ação gerencial. Em se tratando de empreendedoras, estudos têm apontado evidências de alguns traços predominantes no estilo de gestão, possivelmente associados à manifestação de emoções no exercício profissional. Apesar disso, não há estudos que abordem como foco central a expressão emocional de empreendedores. Sendo assim, este estudo foi realizado junto a 15 empreendedoras, a fim de conhecer a vivência emocional e o exercício do papel empreendedor, contribuindo, assim, para melhor compreensão da ação gerencial. Trata-se de um estudo exploratório e qualitativo, sendo que o instrumento de coleta de dados foi a entrevista aberta e os dados foram analisados com suporte do software Nvivus. Foram identificadas as seguintes formas de emoções na atividade gerencial: a) gerenciamento das emoções; b) a presença de emoções no exercício da atividade gerencial; c) a utilização da emoção no gerenciamento; d) as emoções e o estágio de desenvolvimento dos negócios; e) contra as emoções: em busca da racionalidade. No conjunto das categorias pode ser confirmada a presença de emocionalidade no processo de gerenciamento dos empreendimentos.


INTRODUÇÃO

O estudo das emoções nas organizações é importante para contrapor o caráter racional nelas presente. Enquanto as emoções representam simbolicamente desordem, elas constituem o tecido da subjetividade nas organizações, por meio do qual a realidade social pode ser compreendida. Apesar da tendência em mantê-las longe das fronteiras da organização, as emoções afetam de fato as pessoas no trabalho, em qualquer posição que ocupem. Muitos estudos que abordam o tema das emoções no contexto organizacional enfatizam a emocionalidade com ênfase no trabalho de empregados em diferentes atividades (BOUDENS, 2005; SCHMIDT, 2006). Assim, o enfoque baseado na comercialização das emoções predominou em diversos trabalhos, dentre esses se destaca o de Hochschild (1983). Sob essa perspectiva, as emoções são abordadas numa ótica crítica, a qual chama a atenção para os efeitos lesivos do uso emocional na esfera organizacional. Esse tipo de abordagem tem revelado sua utilidade para, por exemplo, apontar problemas ligados à construção das identidades no trabalho, ressaltando ainda diferenças de gênero na conjuntura empresarial.
Outra linha de pesquisas enfatiza como a expressão emocional pode contribuir para a adoção de estilos de liderança mais participativos, tal como a liderança transformacional, salientada por Ashkanasy e Tse (In: ASHKANASY et al, 2000). Isso denota a importância das emoções nos diferentes níveis hierárquicos da organização e a expressão da subjetividade no trabalho, apesar de entraves organizacionais para aceitar a expressão de emoções nas organizações, como salientam Gondim e Siqueira (2004). Em alguns estudos na área de empreendedorismo, encontra-se ênfase no comportamento de empreendedores (McCLELLAND, 1986; GNYAWALI; ROGEL, 1994; McGRATH; MAcMILLAN, 1992), sem, contudo, ressaltar o papel das emoções no exercício da atividade empreendedora. No caso específico de empreendedoras, traços encontrados no seu estilo gerencial comprovam a presença da emocionalidade na gestão de suas empresas. Dentre essas características, destaca- se a tendência em buscar a satisfação das necessidades das pessoas que as rodeiam no ambiente de trabalho (GILLIGAN apud MOORE; BUTTNER, 1997), assim como a importância que elas atribuem à ligação com os outros e não à separação, enfatizando relacionamentos, ligações e cuidados (DAVIDSON; BURKE, 1994). Além disso, Noble (apud MOORE; BUTTNER, 1997) sugere que as mulheres quando iniciam um negócio, não encaram simplesmente como uma carreira, mas como uma estratégia de vida. Resulta que elas têm mais dificuldade em departamentalizar os assuntos pessoais e, portanto, lidam com o trabalho na mesma intensidade que outros assuntos em suas vidas (MOORE; BUTTNER, 1997). Independentemente da ocupação que exercem, Brody e Hall (2000) consideram que as mulheres tendem a verbalizar mais as emoções do que os homens.
Além disso, eles concluíram que as mulheres tendem a expressar emoções mais positivas no trabalho (tais como alegria e felicidade) do que em casa (infelicidade, irritabilidade e raiva). Swan (In: TANTON, 1994) ressalta que a cultura contribui para distribuir as emoções de acordo com o gênero, idade e ocupação. Nesse sentido, em diversas culturas observa-se que as mulheres tendem a externalizar as emoções mais do que os homens (BRODY; HALL, 2000). Não somente o gênero, mas também a ocupação exerce influência nos processos de categorização das emoções. De acordo com Crespo (In: TANTON, 1994, p. 96): “há emoções específicas para policiais e para soldados”. De acordo com essa perspectiva, parte-se da premissa que, também, empreendedores tendem a manifestar de um modo peculiar as suas emoções.
Compreender a emocionalidade em empreendedores é importante porque a vida emocional e afetiva desempenha um papel dinâmico na elaboração das representações (BAUGNET, 1998). As emoções são importantes, não apenas na construção das representações, mas também na construção das identidades, porque elas representam a expressão do encontro de acontecimentos exteriores com o íntimo da pessoa. As emoções não são simplesmente respostas reativas provocadas por estímulos, por meio de acontecimentos ou fatos, mas são a forma metafórica que ressoam as cenas, experiências e pensamentos. A vida emocional e afetiva tem uma participação dinâmica na elaboração de representações e a mente sintetiza as emoções numa unidade da identidade. E a identidade, por sua vez, é um dos pilares para estruturar a ação empreendedora.
Essa pluralidade de razões mencionadas justifica a realização deste estudo, cujo objetivo é o de conhecer a vivência emocional e o exercício do papel empreendedor por mulheres, contribuindo, assim, para melhor compreensão da ação gerencial. A metodologia que foi utilizada para a realização da pesquisa é detalhada a seguir e, posteriormente, são apresentados os resultados da análise dos dados, estruturados em cinco categorias: o gerenciamento das emoções; a presença de emoções no exercício da atividade gerencial; a utilização da emoção no gerenciamento; as emoções e o estágio de desenvolvimento dos negócios e contra as emoções: em busca da racionalidade.

METODOLOGIA

Para realização desta pesquisa, optou-se pelo método qualitativo do estudo de caso, cuja adesão no campo do Empreendedorismo tem sido crescente, pois pesquisadores (PERREN; RAM, 2004; GARTNER; BIRLEY, 2002) apontam a aceitação de interpretações subjetivas de empreendedores como conteúdos ‘objetivos’, salientando a validade científica desse tipo de estudo. Tendo em vista a escassez de pesquisas sobre o tema, este estudo é exploratório, procurando identificar a vivência emocional no papel de empreendedoras, a fim de compreender, também, o modo de gestão, pressupondo-se uma associação entre esses aspectos. Considerando o caráter imanente da subjetividade na expressão emocional, optou-se por uma abordagem interpretativa das narrativas de empreendedoras, cuja argumentação foi construída no questionamento constante e na interação com os sujeitos da pesquisa, procurando, a todo momento, evidenciar aspectos que não se mostravam claros, como recomendam Demo (2005) e Godoy (2005).
A escolha dos casos para comporem o estudo foi derivada de alguns critérios previamente definidos. Primeiramente, definiu-se um período mínimo de cinco anos para estarem atuando como empreendedoras; o que seria importante para terem assimilado o desempenho das atividades e competências necessárias. Outro critério foi a participação de pelo menos 50% do capital da empresa, representando um poder de decisão sobre a empresa. Em seguida, com o auxílio de associações comerciais e associações de mulheres de negócios em sete cidades localizadas em dois países (Brasil e Canadá), foram escolhidas 15 empreendedoras, pertencentes
a setores do comércio, indústria e serviços. Um contato prévio foi realizado para explicar o objetivo da pesquisa e agendar os horários das entrevistas, que foram realizadas no interior das empresas. Por meio de entrevistas abertas, solicitou-se às empreendedoras que descrevessem
como era o exercício do papel empreendedor. As entrevistas foram coletadas no período de um ano e meio e a transcrição do material representou, aproximadamente, duzentas páginas de conteúdo digitado.
A validação dos conteúdos foi realizada com o auxílio das entrevistadas, que analisaram o material transcrito, confirmando o teor dos dados contidos nos textos. Posteriormente, esses dados foram transportados para o software Nvivus e com auxílio do programa foram definidas as categorias explicativas do fenômeno. É importante ressaltar que, na análise dos dados, foi considerada a repetição do fenômeno entre os múltiplos casos, utilizando-se assim uma estratégia horizontalizada, buscando identificar idéias e expressões recorrentes. Complementarmente, também uma estratégia verticalizada foi adotada para explorar associações como, por exemplo, a identificada entre tipo de emoção e o tempo de trajetória na atividade empreendedora. A apresentação final dos dados é constituída por uma análise interpretativa dos depoimentos, que são comparados com resultados de outros estudos. Deste modo, o método indutivo resultou do agrupamento das narrativas em categorias.
Das narrativas sobre sentimentos e emoções no trabalho empreendedor, resultaram as seguintes categorias explicativas: a) gerenciamento das emoções no trabalho de empreendedoras; b) a presença de emoções no exercício da atividade gerencial; c) utilização da emoção no gerenciamento; d) emoções e estágio de desenvolvimento dos negócios; e e) contra as emoções: em busca da racionalidade.

GERENCIAMENTO DAS EMOÇÕES NO TRABALHO DE EMPREENDEDORAS

De acordo com Fineman (2000), o gerenciamento das emoções não é restrito apenas a serviços de baixa qualificação como os que Hochschild estudou. Ele pode ser identificado no trabalho de médicos, gerentes, professores e assim por diante. Independentemente da atividade, e neste caso específico trata-se da atividade de empreendedoras, o gerenciamento de emoções com vistas à dissimulação dos sentimentos pode trazer conseqüências subjetivas não desejáveis. Ao mesmo tempo em que por meio da emocionalidade “nós descobrimos nosso modo próprio de olhar o mundo” (HOCHSCHILD, 1983, p.17), ela também contribui para o auto conhecimento. Essa é, portanto, uma das razões que justificam a expressão expontânea das emoções. Entretanto, no processo de gerenciamento das emoções, estas são, via de regra, suprimidas e reprimidas; e para Hochschild (1983, p.118): “mesmo quando as pessoas são remuneradas para serem agradáveis, é difícil para elas serem agradáveis o tempo todo”. Analisando o conteúdo das narrativas, a primeira categoria que emergiu foi o que se denominou de gerenciamento das emoções, na realidade um auto gerenciamento. Por exemplo, em um processo de dissimulação, uma das empresárias conta uma técnica que utiliza para obter coragem diante de um cliente importante: “Se eu vou negociar com um grande cliente, eu digo a mim mesma: este não é um grande cliente”. Com essa medida, a gestora entrevistada põe em jogo seu julgamento autêntico, a favor de uma outra emoção e contrária àquela que ela sente; pois, de acordo com Fineman (2000), o que acontece com o verdadeiro eu, sob regime de gerenciamento emocional, é “um problema de autenticidade porque o eu é comprometido ou consumido sob determinados critérios do gerenciamento emocional do trabalho”(p.6). O auto gerenciamento de emoções, identificado entre as empreendedoras deste estudo, é composto de um conjunto de medidas que incluem a construção de emoções positivas por elas, a fim de projetar uma imagem do seu papel.
O objetivo desse processo é, também, o de centrar sobre si a atenção dos integrantes da organização: Eu penso que um patrão deve chegar ao escritório de manhã, de bom humor, acolher os funcionários (…) uma empresa é o reflexo do empreendedor, da pessoa- chave, e eu procuro estar entusiasmada.
É bem provável que esse comportamento esteja também associado à tentativa de controlar as preferências na organização, pois como salienta Dumouchel (1999), as emoções, no processo de coordenação entre agentes, constituem um meio pelo qual as preferências de um agente se modificam em função da preferência dos outros. Nesse sentido, “as emoções são um meio através do qual as preferências de uns agem diretamente sobre a preferência dos outros” (DUMOUCHEL, 1999, p.38).
Nos depoimentos verifica-se que a emoção é sempre direcionada para transmitir às outras pessoas uma imagem de satisfação e otimismo, como por exemplo: Quando fico um pouco desanimada, eu não deixo 6 horas o desânimo tomar conta de mim. Eu chacoalho a cabeça e falo: vamos renovar as energias que logo aparece a resposta correta; Tenho procurado estar com um semblante bom, sorriso, não é uma coisa muito fácil, mas ela acaba ficando fácil quando a gente acredita que é fácil.
As emoções passam a ser, assim, construídas por elas, para corresponder à imagem que desejam transmitir: “os clientes acham que eu sou forte, que tenho sempre alto astral”. A representação da mulher forte, daquela que vence obstáculos, é criada pela construção de emoções voltadas para esses fins, ao mesmo tempo em que as conduz a reproduzirem continuamente esse estado de sentimentos: A gente está numa arena e você está sujeito a tudo. Você não pode deixar as
coisas caírem, se abater. Quando acontece alguma coisa você tem que ser mais forte. Você tem que levantar sua espada e falar: olha eu estou de pé e ir em frente.
Se, num primeiro momento, a emoção é auto gerida para produzir essa imagem de força, posteriormente, ela passa a requerer do seu agente a sua continuidade; pois, como constatou Dumouchel (1999), as emoções constituem ações e estratégias cujos agentes são responsáveis por sua produção, sem ter, no entanto, poder sobre elas, sendo que cabe ao agente manter um padrão relativamente unânime para as mesmas situações vivenciadas. Se o auto gerenciamento das emoções requer a representação de emoções positivas, tais como a satisfação, alegria e segurança, o mesmo não ocorre em relação às emoções negativas. Estas são, continuamente, objetos de repressão, como declarou uma das entrevistadas: “Acho que o que eu faço obrigada é não criar tantos atritos. É me segurar, sabe. Ter que ter jogo de cintura, estabelecer um ato de censura para não acirrar”. A discórdia é um sentimento que a grande maioria das entrevistadas procura evitar: “Não gosto de discórdia, sou totalmente contra, em qualquer sentido, em qualquer situação, em qualquer momento”. Pode-se perceber a dissimulação constante da emoção no exercício do papel dessas empreendedoras, ilustrando como o jogo das emoções é um fator na projeção das imagens.
Todavia, em longo prazo, algumas possibilidades de conseqüências dessa dissonância podem ocorrer. Uma delas é a propagação desses protótipos emocionais para a esfera privada, resultando na transformação das percepções emocionais nessa esfera. Dessa forma, torna-se perceptível a influência das emoções na construção das identidades e, além do mais, ilustra como o exercício de papéis específicos contribui para a conformação de identidades peculiares. Outra conseqüência possível, resultante da dissonância emocional, é um conjunto de desgastes físicos e psíquicos, que podem evoluir para patologias diversas.
Além disso, a realidade afetiva dessas empreendedoras pode comprometer a possibilidade de viver relacionamentos, os quais se tornam inviáveis pela produção do “mito”, acarretando dificuldades na esfera íntima e podendo comprometer os seus processos de identidade.

A PRESENÇA DE EMOÇÕES NO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE GERENCIAL

Em outro ângulo de análise foi possível identificar quais emoções estiveram associadas ao exercício da atividade empreendedora, que não as relativas ao auto gerenciamento.
É importante esclarecer que as emoções podem ser categorizadas como positivas e negativas (TAYLOR apud GRIFFITHS, 1997), por exemplo: felicidade e surpresa, como as do primeiro grupo; medo, tristeza, desgosto e raiva, do segundo grupo. Bagozzi, Wong e Wi (1999), ao estudarem o papel da cultura e gênero em diferentes sociedades, caracterizaram como emoções positivas: amor (afeição, carinho, afeto) e alegria (felicidade, prazer, satisfação, apreciação); e como emoções negativas: raiva (hostilidade, irritabilidade, frustração, ódio, aborrecimento), tristeza (depressão, desgosto), medo (ansiedade, preocupação, nervosismo,
susto) e, por fim, culpa (remorso, vergonha e embaraço). Schaubroeck e Jones (2000) consideram que a expressão emocional depende de características objetivas dos papéis organizacionais. Apesar disso, a afetividade não é a medida objetiva de um fato, mas “um tecido de interpretação, uma significação vivida” (LE BRETON, 1998, p. 97).
Embora exista uma dissonância entre as emoções sentidas e as exibidas, a solidão é um sentimento narrado por várias empreendedoras deste estudo: Quando eu volto para casa eu quero um colo e quero alguém que me espere, só que não tem ninguém me esperando; Eu quero a presença das pessoas perto de mim, eu quero ser visitada, quero um amigo do lado, parente do lado. Quero companhia, porque a gente fica envolvida o dia todo no trabalho, porque o mais importante sempre é o trabalho, depois vem todos os outros.
A trajetória solitária pode, também, ser observada na seguinte narrativa: “caminhei toda minha vida sem bengala, nunca tive ninguém para me apoiar”. O que se observou é que na fase de crescimento das empresas esse sentimento apresentou-se com maior intensidade: “Tive muita solidão porque primeiramente eu não via minha família”. Contudo, em casos que a trajetória profissional era maior, este sentimento foi substituído pelo de realização: Tive uma oferta interessante para comprar a empresa e eu considero que para mim eu realizei minha missão porque meu objetivo foi de alimentar minhas crianças e agora elas podem comer mais do que tudo que é necessário. Além da solidão, dois outros sentimentos podem ser notados nas narrativas delas: o primeiro foi o prazer em relação à atividade que realizam e o segundo o medo. No tocante ao primeiro, foram selecionadas três declarações que retratam essa emoção positiva: Eu chego aqui feliz toda manhã. É um trabalho muito, muito variado, eu não poderia fazer um trabalho rotineiro, mas a variação que existe aqui, se ocupar um pouco de tudo, me faz amar esse trabalho; É necessário amar o que se faz. É necessário realmente ter um prazer íntimo, mas não se pode largar no primeiro obstáculo, pois caso contrário é melhor trabalhar para outra pessoa. É necessário acreditar, acreditar que a gente vai realizar e a partir disso é necessário fazer; Eu tenho prazer em trabalhar.
Juntamente com o prazer, o medo é outro sentimento que foi evidenciado por elas. Esse sentimento esteve ligado a diferentes origens, conforme os seguintes discursos: Eu tenho medo de andar para trás, medo do conhecimento estar aí, as coisas estarem acontecendo e eu achar que já está bom. Eu tenho medo. Se você me perguntar de um medo meu: o medo que eu tenho é de parar no tempo, de achar que está bom e ficar; Eu tive a determinação e a vontade de recomeçar porque eu não queria estar sempre entre altos e baixos na vida.
No plano da gestão, o medo se expressa sob duas formas: como um temor ligado à saída de empregados da empresa e como o medo do sucesso: Quanto mais sucesso eu tinha, maior o medo, porque eu dizia a mim mesma: neste restaurante eu sou a grande patroa, mas eu não sou ninguém, eu não estudei, eu jamais aprendi, os negócios não são para mim (…) eu tinha a impressão que a magnífica empresa X que eu adoro e que tinha seis anos ou sete, tinha se tornado um grande monstro que corria atrás de mim para me devorar e eu tinha medo e dizia: é necessário que eu a venda, eu estava em pânico (...) a empresa tornou-se uma grande companhia e tinha lá todo tipo de decisão e talvez um dia eu não encontraria a boa decisão. Eu tinha medo de não estar à altura. O medo do sucesso foi também constatado em outros estudos (GILLIGAN, 1988).
De acordo com Kemper (2000), o aumento de poder pode ocasionar medo e ansiedade, e foi o que ocorreu no caso citado acima, com o crescimento da empresa. Outro tipo de sentimento encontrado entre aquelas que tinham mais tempo de atividade, foi o orgulho. Este sentimento esteve associado a realizações, tais como: a construção da sede nova empresa, a obtenção de prêmio na área de empreendedorismo ou, simplesmente, o crescimento da empresa, associado à
satisfação e à auto realização.
No contexto da atividade empreendedora, a tristeza é um sentimento que não faz parte do repertório emocional dessas empreendedoras. A ausência desse tipo de emoção pode ser atribuída à explicação de Härtel e Zerbe (In: ASHKANASY, 2000), que ao associarem as emoções no trabalho ao poder e status, mencionam que tristeza e culpa eram emoções intensamente associadas com baixo status na organização.
Para Kemper (2000), as quatro maiores emoções negativas são culpa, vergonha, ansiedade e depressão. Desses tipos, somente a ansiedade integra as emoções dessas empreendedoras, que pode ser observada nas narrativas como sendo o reflexo de uma insatisfação constante: “Eu sinto uma inquietude todos os dias, mas isso não me irrita, isto faz parte do meu vocabulário diário”. Kets des Vries (1995) pondera que o combate à passividade gera uma atividade intensa por parte de empreendedores, que constitui, assim, uma reação contra a ansiedade.
No entanto, essa ansiedade não atinge níveis que podem comprometer a socialização delas, como alerta Gross (1999) sobre os perigos de emoções negativas como essa.

UTILIZAÇÃO DA EMOÇÃO NO GERENCIAMENTO

De acordo com Fineman (2000), a abordagem psicanalítica de organizações considera essas instituições como “um caldeirão de pensamentos, fantasias e desejos reprimidos” (p.2) porque o “demônio da irracionalidade” está presente no contexto organizacional. Contrapondo-se a essa visão, para as empreendedoras deste estudo, a emocionalidade esteve presente sob diferentes maneiras em suas empresas. Primeiramente, no relacionamento com funcionários, que pode ser compreendido nesse depoimento: A gente não está comprometida apenas com o salário, mas também com uma parceria emocional, onde existe um tempo para você conversar, existe um tempo para você perdoar, existe um tempo para você entender o funcionário. Eu acho que isso que é legal, porque você volta para casa depois de um dia produtivo e tira a semente de egoísmo, de prepotência diante de uma liderança, mas fica uma semente de amizade, de companheirismo, de coleguismo, que eu acho legal, acho que a gente colhe amanhã e certamente com outro sabor.
De acordo com Fineman (2000), diante de determinadas situações é compreensível que significados emocionais sejam construídos.
Também com clientes, observaram-se manifestações emocionais relacionadas a fins específicos: “Se um cliente não paga, eu tenho que ter um bom controle e é necessário usar a ternura com o cliente, para dizer a ele: escute, seria necessário, talvez, que você me pagasse”. Outro aspecto importante no estudo de emoções é que o seu significado está atrelado a uma situação vivida, o que permite ao indivíduo torná-la conhecida e expressá-la. É por isso que as emoções estão, também, ligadas ao estado psíquico dos indivíduos. Nessa perspectiva, um dos depoimentos apresentados refletiu a maneira pela qual a empreendedora projetou seus conflitos emocionais no tratamento aos clientes: Eu penso que todos os meus desejos que estavam no interior de mim, de querer que alguém tomasse conta de mim, me desse atenção, me servisse uma boa refeição, me fizesse sentir que valia a pena viver, eu penso que eu faço. Eu trato o cliente como eu gostaria de ter sido tratada. Então eu abri um pequeno restaurante, eu tratei o cliente como se fosse a pessoa mais importante do mundo. Eu penso que é como se chama em Psicologia, uma espécie de projeção, eu não sei, eu não conheço direito a Psicologia (...) eu gastei bastante tempo para instalar um sistema que tratasse o cliente com muito amor, muita atenção, com muito calor, eu penso que eu tomei o cliente, eu o tratei como eu gostaria de ter sido tratada.
De um modo geral, encontrou-se uma valorização da emocionalidade pelas empreendedoras na gestão de suas empresas. Uma delas afirmou: “Quando eu contrato uma pessoa para trabalhar, não interessa muito o currículo, não me interessa a aparência, me interessa se a pessoa tem paixão pelo que faz”. A preocupação com a parte afetiva foi apontada por algumas delas como sendo requisito para qualificar, positivamente, um empresário ou empresária. Outra forma positiva, considerada por elas para externar a emocionalidade, foi vinculada à imagem
corporativa: “Sou uma mulher de negócios comum, uma mãe (...) Nós fizemos uma publicidade há 2 anos e nosso conceito dizia que na empresa X a chefe era como uma galinha choca e eu sempre adorei esta expressão”.
Alguns estudos realizados anteriormente com empreendedoras (MOORE, 1997; ADLER, 1999) destacam o predomínio da liderança transformacional nas empresas geridas por elas. Para Ashkanasy e Tse (In: ASHKANASY, et al, 2000) é possível encontrar uma associação entre esse tipo de liderança e a emocionalidade. Na visão dos autores, são traços de líderes transformacionais, dentre outros: a) são mais otimistas e têm fortes sentimentos sobre as coisas que os rodeiam; b) são sensíveis às necessidades dos outros; e c) usam a informação emocional no processo decisório para obter resultados positivos e criativos. Neste estudo, observou- se essa tendência, e para demonstrar essa constatação transcreve-se um depoimento selecionado: É preciso ter esse potencial de perceber a pessoa como um todo, perceber o trabalho como um todo, onde não é só a máquina, mas é o papel do homem, e aí você consegue criar dentro do seu trabalho um fator de entusiasmo, de motivação, de comprometimento com seus funcionários, que de certo modo é um modo de você administrar sua família.
Finalmente, a presença da emocionalidade pode ser sentida na proximidade com os funcionários da empresa, resultando numa espécie de hierarquia emocionalmente negociada: Eu me sinto colega, me sinto chefe; Eu penso que eu sou a grande patroa, mas às vezes eu penso que eu sou a
servente de todo o escritório e eu penso que os dois papéis seguem exatamente juntos. Ainda que as emoções sejam, de fato, um instrumento gerencial para essas empreendedoras, observou-se diferenciações em conformidade com o estágio da atividade empreendedora, que serão melhor detalhadas a seguir.

EMOÇÕES E ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DOS NEGÓCIO

A emoção “se dilui nas malhas do tempo, que a acentua ou a ameniza, mudando seu significado de acordo com as vicissitudes da vida pessoal “ (LE BRETON, 1998, p. 97). No presente estudo, essa variação pode ser percebida, na medida em que se encontrou uma associação entre o tipo de manifestação emocional e a trajetória de empreendedoras. No depoimento apresentado a seguir, a insegurança cedeu lugar à confiança, assim como a tranqüilidade substituiu o medo: Eu sou uma pessoa que conseguiu, mas eu sou muito frágil no interior. Eu era insegura porque eu tinha medo. Hoje eu posso dizer que sou como um grande tanque de guerra que está à venda: tranqüilamente, tranqüilamente (...) hoje não sou totalmente insegura, eu tenho muita confiança (...) eu penso que não importa onde eu estarei, eu não terei mais pânico de ganhar a vida porque eu poderia quase dizer que hoje eu sei, eu conheço a receita do sucesso: é necessário trabalhar, é necessário trabalhar bem, é necessário focar, é necessário se doar inteiramente e é necessário ter muita coragem e uma extraordinária disciplina pessoal. Kemper (2000) analisa a atitude no trabalho numa perspectiva emocional, e afirma que ela pode se apresentar sob quatro maneiras: a) níveis de otimismo e confiança na atividade produzem sensações de satisfação e felicidade; b) níveis de otimismo e falta de confiança geram otimismo contido ou ansiedade; c) pessimismo associado à confiança resultam em otimismo ou ansiedade; e d) pessimismo e falta de confiança ocasionam depressão e desesperança. Ao observar sentimentos presentes nas empreendedoras, no estágio de desenvolvimento de seus negócios, foi possível constatar que a realização e a satisfação incidiram nas empreendedoras de maior tempo de atividade, numa perspectiva de otimismo e confiança no trabalho. Também o segundo nível, apontado por Kemper, foi encontrado para as de menor tempo de experiência, ou seja, apresentaram níveis de otimismo
associados à falta de confiança, o que resultou na presença de ansiedade no trabalho. Esta posição pode ser compreendida em função dos riscos que precisam ser assumidos para promover o crescimento do empreendimento, tal como ilustra o seguinte discurso: Você passa por um momento, no crescimento da empresa que você precisa passar por isso. No momento que você passa por isso, você não pode ter medo. Ou você vai ou você fica. Você precisa ir com segurança, sabendo que se você buscar um empréstimo, uma ajuda de terceiros, aquela dívida tem que ser cumprida. Se chegar no meio do caminho e você vê que não consegue, senta, conversa,
traça novos planos, mas cumpri com aquilo que foi comprometido. Então eu digo que nesse momento você não pode fugir, você tem que correr o risco.
As duas últimas formas, mencionadas por Kemper, não foram observadas na expressão emocional do trabalho dessas empreendedoras, pois em nenhum dos casos foi encontrado pessimismo. Outros depoimentos podem traduzir o sentido de emoções diferenciadas,
derivadas do novo estágio de crescimento dos negócios: Hoje estou numa fase de repensar da minha vida, tentando viver com mais calma, tentando saborear melhor a vida, não que eu me conforme dizendo que estou ficando velha; Estou realizada, não acomodada. Me sinto madura, segura, querendo sempre renovar cada vez mais meus pensamentos, minha maneira de trabalhar, de querer ser sempre jovem, aberta. Desta forma, na fase de crescimento das empresas, as emoções presentes traduziram-se em: cansaço, stress, nervosismo, tensão, excitação e alegria. Para aquelas cujas empresas já tinham atingido o crescimento, os sentimentos foram: calma, serenidade, orgulho e segurança.
Verificou-se que um conjunto de expressões emocionais foi identificado por elas e utilizado para descrever o processo de gestão de suas empresas. Em contrapartida, a expressão de racionalidade apareceu timidamente nos discursos, conforme descrito na próxima seção.

CONTRA AS EMOÇÕES: EM BUSCA DA RACIONALIDADE

A vida cotidiana no papel empreendedor produziu uma ressonância nas gestoras entrevistadas, muitas vezes, de forma contraditória: “Minha vida atualmente é criação, bom, há rotinas naturalmente que eu não as amo, mas sou obrigada a fazê-las, não tenho escolha”. A percepção distinta entre a racionalidade e a emocionalidade encontra-se associada, para as empreendedoras, ao modo de administrar a família e ao modo de gerir a empresa: “Na empresa você não pode ser tão concessivo quanto é no ambiente familiar. Você tem que ter muita clareza, objetividade, o método tem que ser compartilhado”.
A dificuldade em conciliar o papel empreendedor e a vida pessoal, com reflexos na expressão emocional, pode ser percebida nas falas, a seguir: Em geral é a empresa que me controla em demasia, mas as vezes eu tenho um tempo livre, mas eu não vou ao teatro há muito tempo e isso me aborrece; Não pensei que o trabalho demandaria tanto de mim. Esses depoimentos denotam o conflito existente entre as demandas provocadas pelo trabalho empreendedor e a vida emocional privada: “Por vezes eu deixo o trabalho me dominar e isso não é correto. Eu tenho que fazer com que eu seja prioridade na minha vida”. Em dois depoimentos, a dificuldade em conciliar a atividade com “sonhos” foi observada: “Eu tenho meus objetivos, traço meus objetivos e caminho neles, procuro não me envolver com grandes sonhos”. Outra empreendedora declarou: “Que haja o símbolo da empresa por todo lugar, na América, este é meu sonho, se eu tenho permissão para sonhar, este é meu sonho”. Assim, enquanto o sonho tem um conteúdo emocional, a realidade se mostra como racional, demandando a todo momento um equacionamento entre emoções e a racionalidade.
Não obstante os diferentes planos, por meio dos quais as emoções puderam ser observadas no desempenho do papel empreendedor, neste estudo, é possível avaliar a extensão da emocionalidade e suas implicações no processo de gestão das empresas. Sucintamente, dois planos distintos foram delineados: o primeiro, relacionado à emocionalidade pessoal. Nesse aspecto, o trabalho de empreendedor demanda um esforço emocional que, em dados momentos, reflete uma dissonância. Esse resultado fragiliza algumas premissas relacionadas ao perfil
de empreendedores como, por exemplo, a de que segurança, determinação e confiança são inerentes a empreendedores, não exigindo esforços cognitivos ou emocionais para produzir tais comportamentos. Outro plano, em que a emocionalidade pode ser evidenciada de forma expressiva, diz respeito ao conteúdo emocional empregado na gestão das pessoas. Isso foi percebido nos depoimentos das gestoras entrevistadas dos dois países, acentuando-se, assim, a
intensa vivência emocional do papel, independentemente, inclusive, do porte das empresas, pois no universo estudado havia empresas grandes e pequenas.

IMPLICAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Com este estudo constatou-se que o grau de envolvimento emocional de empreendedoras variou entre intermediário e total durante o início e o crescimento de suas empresas, passando para baixo envolvimento quando elas já trilharam por mais tempo a atividade empreendedora. Segundo Averill (1980), esses três diferentes degraus de intensidade de experiências emocionais podem ser, assim, compreendidos: a) baixo envolvimento, o que significa envolvimento pessoal baixo; b) envolvimento intermediário: nesse nível, a atenção do indivíduo torna-se focada no objeto da emoção - a resposta não é completamente automática ou dissociada do eu como agente; e c) envolvimento total, quando a pessoa torna-se completamente envolta no papel emocional.
Vale ressaltar que o jogo de emoções é intenso na atividade dessas empreendedoras, tanto no sentido de se auto gerir, como também para gerir outras pessoas e a empresa. Além disso, o exercício da atividade gerencial produz emoções pessoais, as quais nem sempre são passíveis de serem auto geridas. Alguns desses sentimentos são de natureza negativa e estão diretamente associados com as necessidades de trabalho intenso para promover o crescimento das empresas.
O conjunto das narrativas contribuiu para mostrar que as emoções constituem uma via de grande valia para estudar o processo de gestão. Há, pelo menos, duas óticas importantes para estudar as emoções em empreendedores: a primeira relativa ao gerenciamento da própria emoção e os seus efeitos na trajetória e na vida pessoal; e, a utilização de emoções no gerenciamento de empresas. Em se tratando de pequenas empresas, a proximidade física das pessoas pode resultar num contexto interacional que favorece relações afetivas, que podem, inclusive, contribuir para a compreensão das esferas políticas e culturais dessas organizações.
Outras proposições de estudos, derivadas das análises apresentadas, podem se constituir em prováveis associações entre o dispêndio e o tipo de emoções e o crescimento de empresas.
Ainda como sugestão para estudos futuros, a seleção de organizações que requerem esforço emocional, pela natureza da atividade, tais como o setor de artes, são ambientes propícios para analisar comparativamente a expressão emocional de homens e mulheres empreendedores, na tentativa de identificar possíveis diferenças entre os grupos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interpretação de narrativas do grupo de empreendedoras que contribuíram para a realização deste estudo retrata a vivência emocional de mulheres no papel empreendedor, enfatizando diferentes momentos da organização, como também diferentes culturas. Sendo assim, o objetivo proposto foi atingido e observou- se que as emoções dão significado às ações gerenciais, além de constituírem excelentes pistas para compreender os relacionamentos e a dinâmica dos processos
nas organizações.
Uma contribuição deste estudo foi demonstrar que não apenas o poder e o status facilitam a compreensão das emoções nas organizações, mas também o grau de envolvimento da pessoa no trabalho parece explicar o tipo de emoção que será predominante. Como o envolvimento sofreu variações, de acordo com o estágio do processo empreendedor, da mesma maneira, as emoções foram de distintas formas para cada momento do desenvolvimento da organização.
Finalmente, considerando que a pesquisa foi realizada com mulheres empresárias, que valores sociais e culturais tendem a aceitar e a valorizar a associação da expressão emocional com maior ênfase para mulheres do que para homens e, ainda, que são escassos os estudos que abordam diretamente esse aspecto, este estudo contribui para explicar os limites e as razões que estruturam a emocionalidade dessas gestoras.
Considerando que esse é um campo novo de estudos, investigações adicionais precisam ser conduzidas para melhor compreensão do fenômeno.

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NOTÍCIAS: Saúde mental, genética ou comportamento?


O comportamento do ser humano é mental. O comportamento mental é direcionado pelos pensamentos e sentimentos. Todos os comportamentos são mentais – somos o que pensamos. A ciência do terceiro milênio diz que a genética não é destino (revista veja edição 2109 – nº16 – 22 de abril de 2009) e concordamos plenamente com os cientistas que estão participando deste momento fantástico de descobertas importantes para a cura emocional do ser humano, mas ao mesmo tempo nossos estudos e pesquisas referentes ao comportamento humano pela metodologia da ciência do pensar, revelam que o comportamento mental pode ser destino. Hábitos, costumes e valores são passados de geração em geração, de pais para filhos. As nossas verdades e valores nem sempre são verdades e valores reais, mas passamos para as pessoas que estão sob nossa responsabilidade geradora.
A pessoa, ao nascer, traz consigo uma identidade única no universo. Não tem cópia. Mas, a personalidade é gerada a partir do meio social e familiar onde vive. Quando a criança nasce, já traz o comportamento emocional que recebeu no ventre da mãe. Se os pais passaram uma gravidez harmoniosa, suave, terna, consciente, provavelmente este bebê não terá comportamentos de ansiedade e agitação. Será um bebê calmo. Da mesma forma, esta criança receberá estímulos, motivações e conhecimentos que servirão de bases para a formação de sua personalidade.
Digamos que, nos primeiros tempos de vida, a criança vai se adaptando ao seu mundo através do livre arbítrio e vontade dos pais e do meio social em que está inserido. Esta formação vai gerar comportamentos. Os comportamentos geram ações e reações. As ações e reações desenham uma história de vida.
É no momento formativo, principalmente na infância, que são gerados os maiores traumas emocionais. A criança cresce, torna-se adulto e os traumas ficam escondidos na mente inconsciente. Cada vez que esta pessoa se defronta durante a vida com as situações traumáticas que estão guardadas no inconsciente, a mente reage e o corpo sofre.
Na maioria dos casos, os sentimentos reprimidos acabam materializando, no decorrer do tempo, uma personalidade difícil, insegura, tendo principalmente como base a baixa auto estima. Esta personalidade, para sobreviver diante da sociedade, necessita de máscaras que “personifiquem” o caráter. A máscara leva o indivíduo a comportamentos desequilibrados, e estes acabam se expressando através de ações que por sua vez trarão reações. Nesta sequência comportamental, a pessoa constrói a sua história de sofrimentos e de dor, ao ponto de fazer adoecer o seu corpo e o seu espírito. Todos estes fatos são gerados ou guardados na mente. Nada está fora dela.
A mente humana é composta por expressões de amor ou desamor, de ignorância ou sabedoria. É na mente humana que a inteligência se localiza, e é direcionada para o bem ou para o mal. A mente pertence ao espírito e o cérebro ao corpo físico. A mente envia ao cérebro estes sentimentos e este através do sistema nervoso central, encaminha-os ao corpo que reage positivamente ou negativamente. Se os sentimentos negativos não forem liberados ou tratados, permanecem na mente, fazendo o seguinte percurso: mente, cérebro e corpo. Esse percurso tem um efeito muito nocivo ao corpo humano, e enquanto o trauma permanecer no inconsciente, a mente estará desorganizada e infeliz e a pessoa sentirá manifestações e sintomas físicos como a depressão e as síndromes, ou outras doenças ainda mais graves e até mesmo insucesso profissional.
Por isso é preciso buscar através do auto conhecimento, a compreensão de si próprio. Quando a pessoa não se conhece, mantém dentro de si por muito tempo, sentimentos como a raiva, a tristeza, a mágoa, as decepções, o orgulho, o medo, a exclusão, o ciúme, vontades reprimidas, carências afetivas, distúrbios sexuais, etc..
É preciso, portanto, liberar estas emoções repressoras e negativas da mente, para se ter qualidade de vida, tanto física, quanto mental ou espiritual e ainda se resguardar de distúrbios mentais futuros.

Por Maria Ignez Figueredo
Especialista em
Educação Comportamental

NOTÍCIAS: Excesso de ansiedade pode gerar obesidade

Por: Sílvia Luciana Kotaka especialista no tratamento da obesidade e no desequilíbrio alimentar.
Revista Paraná Online

A ansiedade é hoje um dos principais problemas gerados pela vida agitada e estressante nas grandes cidades. Entretanto, mesmo que esse seja um sintoma comum entre as pessoas, muitas vezes pode se agravar, acarretando situações mais graves que podem levar, por exemplo, a desequilíbrios alimentares.

Tentando encontrar uma saída para o sentimento de ansiedade, muitas pessoas acabam cometendo excessos alimentares como busca inconsciente para amenizar sensações desagradáveis - como stress, solidão, cansaço, tristeza, raiva - gerando um quadro de sobrepeso e até obesidade. Além das doenças relacionadas ao sobrepeso, como pressão alta, diabetes, doenças do coração e infarto, os efeitos emocionais também são preocupantes.

Mas mudar a forma de se alimentar não é tarefa fácil, pois todo o comportamento alimentar envolve questões físicas e emocionais - difíceis de modificar e o principal responsável pelo fracasso das dietas.

Hoje, existem métodos que auxiliam a lidar com o comportamento emocional e alimentar, como o programa de Reeducação Afeto-Cognitivo do Comportamento Alimentar (RAFCAL). Nele, o paciente recebe tratamento personalizado e aprende a criar uma relação saudável com a comida a partir do controle das emoções.

O foco principal desse programa é o lado emocional, onde o paciente se torna autor de seu próprio emagrecimento, aprendendo a se responsabilizar pelo processo e deixar de pensar que é a gordura que se apropria dele, sem que ele possa fazer nada. Com isso, a idéia é que a pessoa crie um comportamento magro, em que ela não se utilize da comida para compensar sentimentos.

A psicologia e o método RAFCAL podem ser aliados no processo de reeducação alimentar e contribuem de forma significativa para que as pessoas emagreçam, mantenham-se magras, livrando-se do indesejável efeito sanfona.


NOTÍCIAS: Jovens adultos são lentos no controle das emoções

HYPESCIENCE - a Ciência é a grande estrela do mundo real
Revista online de estudos científicos

Com a idade, vem a habilidade de regular emoções e não interromper uma tarefa que exija concentração – de acordo com uma pesquisa publicada nesse mês. O estudo descobriu que regular as emoções – em outras palavras, reduzir sentimentos negativos e inibir pensamentos indesejáveis – é algo que impede que pessoas mais jovens se concentrem. Já os mais velhos fazem isso com facilidade.
“Somos os primeiros a demonstrar que o controle de emoções varia de acordo com a idade” diz Fredda Blanchard-Fields, professora de Teologia na Geórgia.
A pesquisa, que incluiu 72 pessoas que têm entre 20 e 30 anos e 72 pessoas com idades entre 60 a 75 anos foi conduzido por Blanchard-Fields. Para a investigação, três quartos dos participantes assistiram um vídeo de uma representante comendo coisas nojentas por dinheiro. O vídeo tinha como objetivo produzir asco nos voluntários.
O resto dos participantes assistiu um vídeo que mostrava dois amigos falando do vestido de uma mulher e tomando cerveja. Esse não deveria provocar emoções.
Depois de assistir seu vídeo, cada participante jogou um jogo de memória em um computador. Um número de zero a nove aparecia na tela e o participante tinha que determinar se esse número era igual ao que aparecera dois números antes. No total eram 22 desafios desse tipo, antes que a tarefa fosse concluída – e o computador produzia o score.
O resultado foi que os participantes expostos aos filme “nojento” se deram melhor no teste do que o resto – e os mais velhos que assistiram esse filme, foram melhor do que os mais novos.
As próximas pesquisas pretendem analisar como os adultos mais velhos atingem as mesmas emoções sem tanto esforço cognitivo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Filme " As Quatro Plumas "


À frente de AS QUATRO PLUMAS encontra-se Shekhar Kapur, diretor do premiado Elizabeth, vencedor de diversos Oscars - um filme aclamado pela crítica que também rendeu a Kapur uma indicação ao Globo de Ouro de melhor diretor. Apresentando um elenco talentoso, AS QUATRO PLUMAS é estrelado por Heath Ledger (A Última Ceia, O Patriota e 10 Coisas que Odeio em Você), Wes Bentley, vencedor do Screen Actors Guild Award por sua fascinante atuação no premiado Beleza Americana, e Kate Hudson, cuja atuação excepcional em Quase Famosos lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar.
A história de AS QUATRO PLUMAS é sobre Harry Feversham (Heath Ledger), admirado por seus camaradas como um dos melhores soldados em seu regimento. Apaixonadamente devotado a sua linda futura esposa, Ethne (Kate Hudson), Harry tem um futuro promissor como militar e uma vida feliz o aguarda ao lado da mulher que ama. Mas quando um exército de rebeldes sudaneses ataca uma fortaleza colonial britânica em Khartoum e seu regimento é enviado para o Norte da África, Harry se vê dominado por inseguranças e incertezas e abandona seu posto quando seu regimento embarca para a guerra.
Chocado pela atitude de seu filho, o pai de Harry o repudia. Assumindo que ele tem medo, três dos amigos de Harry - e até mesmo sua noiva Ethne - lhe enviam cada um uma pena branca, um símbolo de covardia, já que ninguém consegue entender o que ele fez.
Atormentado, isolado e solitário em Londres, Harry descobre que seu melhor amigo, Jack (Wes Bentley), e seu antigo regimento sofreram um ataque brutal dos rebeldes. Instantaneamente, o elo que possui com seus camaradas o inspiram a transcender suas inseguranças e assumir uma missão que é ainda mais forte do que sua resolução contra a guerra - salvar seus amigos a qualquer custo.
AS QUATRO PLUMAS se passa durante o auge do imperialismo britânico, quando as nações européias lutavam para dividir a África entre si. Em 1884, um líder religioso muçulmano, Muhammad Ahmed, conhecido como o Madhi, liderou os árabes sudaneses em uma revolta contra o controle britânico, e o general Charles Gordon foi enviado para aplacar a rebelião. Mas os guerreiros de Mahdi se mostraram fortes demais para Gordon, que se viu sitiado com seus homens em Khartoum, que eventualmente caiu em 1885, em uma batalha que matou o general e boa parte de seu exército. "Os jovens soldados na época de AS QUATRO PLUMAS não questionariam seu dever de lutar por sua rainha e seu país," diz o diretor Shekhar Kapur. "As dúvidas de Harry tornam a história particularmente interessante pois, para encarar seus medos, ele é forçado a transcendê-los. A questão é: teria sua desistência sido um ato de covardia ou, na verdade, de grande coragem?"
No começo do filme o personagem principal de AS QUATRO PLUMAS, Harry Feversham, é invejado por todos seus amigos - o confiante jogador de rugby que conquistou o coração da garota mais bonita de todas. Mas quando seu regimento é enviado para a guerra, ele começa a questionar tudo... inclusive a si mesmo.
Harry Feversham é um homem enfrentando seu maior medo -dúvidas a respeito de si mesmo. Por isso, eu procurei um ator que pudesse manter a dignidade mesmo enfrentando estas dúvidas," diz Kapur. "Eu precisava de alguém que pudesse emergir da infância para a maturidade e finalmente para a sabedoria verdadeira. Quando fiz o teste com Heath, fiquei surpreso que alguém tão jovem pudesse ter tamanha sabedoria."
"O roteiro era absolutamente brilhante," diz Ledger, "e participar deste filme foi uma verdadeira jornada para mim. Apesar de ter requisitado muito esforço - emocional, físico, espiritual e mental - também foi muito divertido."
O melhor amigo de Harry, Jack Durrance, é interpretado por Wes Bentley. Conhecido por interpretar o incrivelmente complexo vizinho de Beleza Americana, Bentley vê Durrance como um homem que enxerga o mundo de forma muito clara, então é bastante irônico o fato de seu personagem ficar cego.
Durrance é obcecado com sua visão de mundo de moralidade absoluta. O certo e o errado estão claramente definidos. Porém, ao se encontrar em áreas intermediárias durante o filme, assim como Harry ele também é forçado a descobrir e aceitar quem ele é de verdade. Wes Bentley era apropriado para o papel não apenas porque eu precisava de alguém extremamente bonito, mas também porque ele podia retratar alguém com uma personalidade complexa e obsessiva. Seus impressionantes olhos azuis representam clareza, e a cegueira é uma metáfora para a perda de clareza. Wes mostrou este tipo de complexidade em Beleza Americana, e ele me impressionou desde o início.
Kate Hudson, mais conhecida por seu papel de estréia em Quase Famosos, interpreta o complexo papel de Ethne, uma jovem cuja profunda paixão por Harry é abalada por sua decisão de não ir à guerra."
"Ethne é uma personagem muito interessante," diz Hudson. "Por um lado, seu amor por Harry parece ser inabalável, mas por outro, ela é completamente influenciada pelas percepções das pessoas à sua volta. Eu gostei da complexidade do papel, e imagino que, dadas as circunstâncias, sua reação às atitudes de Harry são absolutamente realistas para aquela época, e talvez até mesmo para hoje em dia."
O tema da amizade, que é marcante em AS QUATRO PLUMAS, talvez seja melhor representado na relação entre Harry e Abou Fatma, o guerreiro africano que conhece Harry quando este chega ao Sudão. Interpretado por Djimon Hounsou, que recebeu uma indicação ao Globo de Ouro por sua atuação em Amistad, de Steven Spielberg, e uma indicação ao Screen Actors Guild por seu trabalho em Gladiador, Abou Fatma acrescenta uma nova dimensão ao filme, nunca antes vista em versões anteriores desta história.
Unidos, os personagens representam a união instantânea de dois espíritos muito diferentes que se complementam ao mesmo tempo que permitem um ao outro serem individuais.
..."Apesar de existir um grande companheirismo entre Harry e seus amigos, especialmente no início do filme, cada um segue sua própria jornada," diz Sheen, cuja jornada particularmente árdua de seu personagem, Trench, acaba em um campo de prisioneiros.O filme faz refletir muito a respeito de como a vida é preciosa e até onde os seres humanos podem ir apenas para sobreviver.
Todos os personagens são fortes, mas mesmo assim cada um possui seus pontos fortes e fracos,este é um filme sobre amizade e os arrependimentos, a fé, os problemas e as provações pelas quais companheiros passam. É uma história maravilhosa,
no fundo, é um filme sobre garotos indo à guerra e se tornando homens. Mostra a transição das certezas inocentes da infância para a constatação da dúvida, e finalmente para a auto-consciência da maturidade.

Pessoal, espero que assistam ao filme e analsem o quanto ele aborda a questão do esforço emocional das pessoas ;)

domingo, 7 de junho de 2009

Emoção à Flor da Pele


Manter coerência entre valores e atitudes com princípios morais e éticos é um bom comportamento para se manter feliz em um trabalho. E, quando isso acontece, não tem como errar, porque não existe estratégia ou treinamento para vencer! Tudo é uma consequência dos espelhos individuais, que acompanham todos à todo tempo. É uma questão de personalidade.
O programa da Rede Record, O Aprendiz sempre teve candidatos equilibrados, pessoas bem formadas e informadas, com larga experiência no mercado profissional, portanto era raro cenas de choro e de destempero, mas acontecia eventualmente. Já O Aprendiz Universitário, por ter pessoas mais jovens e, portanto, menos maduras e com menos inteligência emocional, acaba sendo preenchido por situações onde os participantes demosntram primeiramente suas emoções.
O que poderia estragar a formula acabou ajudando, mostrando um lado mais humano e competitivo do programa, onde ficava evidente o esforço emocional dos candidatos, à vontade e a entrega, sem se preocuparem com imagem.
Alguns resultados de enquetes na internet mostraram que muitos telespectadores não concordaram com algumas provas do programa, entre elas, uma em que os candidatos deveriam pedir esmolas, algumas pessoas chegaram a criticar o fato de que pedir esmolas não mostrar a capacidade empreendedora de alguém, embora Justus discorde disso.
Mas a prova final elucida a edificante contribuição de O Aprendiz para a televisão brasileira, exigindo várias competências de quem estava envolvido e mostrou que esse reality show não passa nem perto do buraco negro que é o programa Big Brother, muito acompanhado pelos brasileiros.
Mas no mundo aqui fora não acontece diferente: Em uma vaga de emprego, por exemplo, alguns candidatos muitas vezes "treinados" para situação de concorrer para uma oportunidade no mercado, "vendem" o que não faz parte de sua essência. E onde isso vai dar? A resposta é lógica: incoerência entre expectativas organizacionais e candidato selecionado.
Indo amsi adiante...Até quando um candidato "treinado" para processos de seleção consegue manter a postura que foi ensinada como adequada na situação da seleção? A resposta também é lógica: muito pouco tempo, ou seja, até quando conseguir amnter o esforço emocional para ser o que não é de verdade.